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NESTA EDIÇÃO: NOVE ANOS NO JAPÃO: A JORNADA DE RICARDO KOMORI | ENTRELEGADOS E NOVAS VOZES | GUARDIÃS DO MAR | ESTHER MERINO CONSCIÊNCIA DE SALA

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A Revista Manja é a sucessora da Inter Magazine, construindo uma nova identidade sem negar o seu historial editorial. É um novo começo. Um novo conceito.

Publicada trimestralmente, a Manja é uma revista com estilo e sem pressa, que oferece uma visão aberta, curiosa e contemporânea sobre o mundo da gastronomia e da hospitalidade. É sempre em papel, com textos em português e inglês, e fala a partir de Portugal, mas de olhos bem abertos para o mundo.

É uma edição das Edições do Gosto, com total independência editorial.

A Manja bebe dos valores que norteiam todo o universo das Edições do Gosto, tais como a partilha e preservação do conhecimento, a abrangência territorial (do país inteiro, sem exceções), a sustentabilidade com sentido prático, o diálogo entre gerações, a integração, inclusão e igualdade de oportunidades, a expressão artística como forma de intervenção social e o bem-estar psicológico como parte essencial do setor.

Mais do que uma revista, a Manja é um espaço de reflexão, inspiração e conexão — entre pessoas, saberes e sabores.

MANJAM CONNOSCO

Catarina Amado

Cláudia Lima Carvalho

Filipe Camacho

Humberto Mouco

João Pateira

Lara Espírito Santo

Louis Cannings

Luís Antunes

Manuel Ferreira Chaves

Olga Cavaleiro

Paulo Amado

Rafael Tonon

Rui Penedo

Sónia Alcaso

Tamara Alves

Teresa Vivas

Theo Gould

Tiago Lopes

Virgílio Nogueiro Gomes

#289#289

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#289

Durante demasiado tempo, a saúde mental foi o grande silêncio das cozinhas profissionais. Num universo em que a pressão, os turnos longos e o sacrifício pessoal eram quase vistos como provas de devoção, falar de ansiedade, exaustão ou depressão era sinónimo de fraqueza. A imagem romantizada do chefe duro, irascível e infalível, muitas vezes amplificada por programas de televisão e por narrativas mediáticas, ajudou a perpetuar uma ideia perigosa: a de que a excelência só se atinge através da dureza. Mas a realidade é outra. O burnout tornou-se uma epidemia silenciosa na restauração, com taxas de esgotamento e de problemas psicológicos acima da média de outras profissões. Assédio, humilhação e isolamento são ainda demasiado frequentes em muitas cozinhas. E os dados de saúde pública não deixam margem para dúvidas: este é um problema estrutural, que atravessa países, tipos de negócio e gerações de cozinheiros. Felizmente, o verniz começa a estalar. Nos últimos anos, têm surgido mais denúncias, testemunhos e discussões abertas que trouxeram o tema para a ordem do dia. O que antes era escondido atrás da perfeição de um prato ou da adrenalina de um serviço agora começa a ser discutido sem filtros. Cada vez mais chefes reconhecem que a verdadeira resiliência não está em resistir até à exaustão, mas em saber parar, pedir ajuda e criar hábitos que permitam sustentar a criatividade a longo prazo. O desafio é profundo. Exige líderes que deem o exemplo, equipas que se sintam seguras e valorizadas, e modelos de negócio capazes de equilibrar paixão, rigor e qualidade de vida. Exige, sobretudo, que cuidar das pessoas deixe de ser visto como um luxo e passe a ser entendido como a base de qualquer cozinha bem-sucedida. A gastronomia é, antes de tudo, uma profissão feita de pessoas. Se queremos mesas cheias de histórias, sabores e memórias, precisamos de cozinhas onde a saúde mental não seja tabu, mas prioridade. Escutar, de verdade, é o primeiro passo. O resto depende de termos coragem para mudar.

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