#284

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Na capa, com orgulho, Mirna Bamieh. Para além de uma artista com obra reconhecida, é uma voz a lutar pela sua terra – a Palestina, agora transformada num campo de extermínio. Termos Mirna na capa é, antes de tudo, apresentarmos Mirna. É validarmos a sua voz, a sua arte, as suas causas. Também a sua dor. Mirna já foi uma criança e jovem palestiniana a tentar contornar a dureza da vida, sonhando com outros mundos possíveis. Hoje, todos os dias, nos nossos ecrãs, vemos milhares de crianças que já não sonham, nem jamais sonharão. Termos Mirna nesta edição é também a nossa forma de tentar não sermos cúmplices deste terrível massacre a pessoas que não estão a salvo em lugar algum. Não sermos cúmplices do silêncio no dizimar de um povo. Não sermos cúmplices na destruição indiscriminada de bairros, de infra-estruturas básicas como escolas e hospitais e, inclusive, ataques a campos de refugiados. Não sermos cúmplices da maldade de homens capazes de privarem outros homens dos bens mais básicos como água, alimentos e energia. Não sermos cúmplices num genocídio em pleno século xxi. É a este horror que urge colocar fim. É a este horror que é necessário fazer frente, com palavras, manifestações, arte. Tudo o que possa servir para se erguer bem alto os valores da paz e da solidariedade. De resto, esta edição é sobre os bons valores: o respeito pelas diversas crenças e pela contribuição singular de todas as religiões do mundo. O planeta em que vivemos é repleto de diversidade e é isso que o