Quem é Alexandre Cabrita? Entrevista ao vencedor do Chefe do Ano 2025

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Julho
2025

Quem é Alexandre Cabrita? Entrevista ao vencedor do Chefe do Ano 2025

Há pouco menos de um mês, Alexandre Cabrita subia, nervoso, ao palco da final nacional do Chefe do Ano, em Lamego. O seu nome estava prestes a ser anunciado como o vencedor do concurso.


O caminho até aqui foi longo. Admite que sempre quis fazer parte do grupo de vencedores do concurso e juntar o seu nome ao de chefes que admira, como Louis Anjos e Jeferson Dias, seus companheiros de equipa no Al Sud, no Palmares Ocean Living & Golf, em Lagos.

O seu percurso na cozinha começou a sul, nos restaurantes F e O Rafaiol. Em 2020, integrou a equipa do Vista, no Hotel Bela Vista, com o chefe João Oliveira. Dois anos depois, juntou-se ao Al Sud, onde é subchefe júnior.

Em entrevista, o algarvio de 28 anos fala sobre o processo que o levou à vitória no maior e mais antigo concurso para cozinheiros profissionais em Portugal — e sobre as expectativas para o futuro.

O que sentiste ao ser consagrado Chefe do Ano 2025?
Foi um momento de grande alegria e orgulho. Senti uma profunda sensação de realização pessoal, fruto de muito trabalho e dedicação. Este reconhecimento representa a concretização de um dos maiores objetivos que estabeleci na minha carreira até hoje.


Tinhas este objetivo em mente ou foi algo que surgiu naturalmente no teu percurso?

Desde que estava no curso de cozinha que tinha este interesse pelo concurso e ambição em participar. Tive uma primeira experiência noutro concurso, que acabou por não correr como esperava, mas serviu-me de lição. Fiquei com a certeza que tinha muito mais para dar e foi esse sentimento que me motivou a continuar a evoluir, a crescer e, a voltar com mais maturidade e determinação.


Que obstáculos ou momentos mais exigentes destacarias ao longo da competição?

Sem dúvida, os momentos mais exigentes foram as provas em si. Na prova regional estava bastante nervoso não tive o tempo de preparação que gostaria, o que acabou por me deixar algo inseguro. Já na prova final, sentia-me mais confiante. Tinha-me preparado ao pormenor, o que me permitiu encarar o desafio com outra serenidade e foco.

 


Em que medida o menu que apresentaste espelha a tua identidade enquanto cozinheiro?

Optei por uma abordagem tradicional e simplista, sem recorrer a combinações arrojadas ou sabores fora do comum. Mantive me fiel à tradição e à comida de conforto. É esse tipo de cozinha que me identifico e que gosto de trabalhar.


A competição exige muito mais do que técnica — há também uma grande carga emocional e pressão. Como conseguiste manter o foco e gerir esse lado?

O segredo para conseguir gerir a pressão emocional esteve na preparação que fiz antes das provas. Foi um processo consistente e rigoroso, que me deu confiança para enfrentar desafios, mas também permitiu-me manter o foco e acreditar que independentemente dos imprevistos, seria capaz de dar o meu melhor.


Contaste com o apoio de dois chefes que já venceram esta competição. Qual o papel que tiveram na tua preparação?
O apoio deles foi fundamental para o meu desempenho. Ter do meu lado profissionais com experiência direta nesta competição fez toda a diferença. Acompanharam me sempre desde o início - dos grantes até aos mais pequenos pormenores. Com as suas orientações consegui encontrar a melhor versão de mim próprio e do meu trabalho para a prova final.


Que visão tens da cozinha? Que tipo de cozinha defendes e gostas de praticar?
Defendo uma cozinha que respeite o produto e valoriza o sabor. Gosto de trabalhar uma cozinha que traga conforto a quem a prova. Acredito que cada produto deve ser aproveitado ao máximo. Se tivermos a trabalhar um corte de carne, por exemplo, não devemos limitar-nos às partes mais nobres, mas também trabalhar as menos valorizadas e fazê-las brilhar através da técnica e do sabor.



Se recuarmos aos teus primeiros passos, quem ou o que te influenciou a apaixonar-te pela cozinha?
Não consigo identificar só uma pessoa que me tenha influenciado a minha paixão pela cozinha. Acredito que foi a convivência com vários profissionais ao longo do meu percurso que tinham o mesmo sentimento. A partir daí, o mundo da cozinha foi me conquistando cada vez mais.


Sempre tiveste interesse por este mundo, mas como aconteceu a transição para a cozinha profissional?

Antes de iniciar a formação de cozinha, não tinha ideia da complexidade e exigência do universo da cozinha profissional , sabia que gostava de cozinhar e foi essa curiosidade que me fez seguir esta área, com tempo e experiência. apercebi-me que tinha alguma aptidão natural e continuei o meu percurso sempre que com o objetivo de crescer e evoluir.



O que mais te motiva e inspira no universo do fine dining?
O que mais me motiva no fine dining é a possibilidade de trabalhar com produto de excelência e de levar cada detalhe a um nível elevado. Esse compromisso com a perfeição e com a experiência do cliente exige uma entrega total e constante superação.


Olhando para o futuro, que sonhos tens por concretizar? Ambicionas abrir um projeto com a tua assinatura?
No futuro, ambiciono alcançar o cargo de Chefe de Cozinha, onde possa aplicar os meus princípios, desenvolver a minha visão e liderar uma equipa com os mesmos valores. Seja um projeto próprio ou por conta de outrem, que seja um projeto em que me sinta realizado e orgulhoso!

Autor:

Manja Newsletter

Fotografia:

João Beijinho